Finanças
O Impacto da Desconfiança Fiscal no Mercado Cambial Brasileiro
2024-11-01
A depreciação do real é impulsionada pela desconfiança em relação às contas públicas, e não por um episódio de escassez de liquidez, explicam operadores do mercado financeiro. Apesar da escalada do dólar em direção a R$ 5,90, o Banco Central tem mantido uma postura de não intervenção, argumentando que as oscilações cambiais devem ser absorvidas pela política cambial institucional.
Mercado Financeiro Pressiona por Medidas Fiscais Concretas
Ausência de Anúncio de Pacote Fiscal Alimenta Incertezas
Semana após semana, o mercado vem elevando as taxas de juros e câmbio, na expectativa de que o governo anuncie medidas fiscais concretas. No entanto, o Banco Central não tem dado sinais de que irá atuar para conter a piora dos ativos. Mesmo com o dólar se aproximando da marca de R$ 5,90, a autoridade monetária tem se mantido firme na sua política cambial institucional, intervindo apenas em momentos de disfuncionalidade ou volatilidade excessiva.Segundo operadores ouvidos pela reportagem, não há pedidos diretos de necessidade de recursos ao Banco Central. O fluxo cambial, embora não esteja no seu auge, segue positivo, indicando que não há falta de liquidez no mercado. Outros operadores concordam que uma intervenção do BC no mercado de câmbio não faria sentido neste momento, pois a depreciação do real é impulsionada pelo risco fiscal, e não por um episódio de escassez de liquidez.Risco Fiscal Adiciona Prêmios aos Ativos
A falta de um anúncio sobre o pacote fiscal é vista como uma lacuna importante em termos de fundamentos macroeconômicos. Sem um "choque positivo" nas contas públicas, não será possível diminuir a taxa Selic, conforme vem sendo reiterado pelos diretores do Banco Central.Segundo um operador de mercado, não há novidades pontuais que tenham levado à escalada dos juros e da moeda americana. O que se observa é um movimento de "desmonte de operações" sem embasamento técnico, com reações exageradas a declarações do presidente do Banco Central. O mercado, na visão desse operador, tem melhorado "de escada" e piorado "de elevador" nos últimos meses.Banco Central Mantém Postura de Não Intervenção
Os porta-vozes do Banco Central têm abordado com regularidade o motivo da falta de atuação no mercado cambial. Segundo eles, a política cambial tem sido utilizada para absorver choques externos, e a intervenção do BC ocorre apenas em momentos de disfuncionalidade ou volatilidade excessiva.Tanto o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do BC, Paulo Picchetti, quanto o diretor de Política Monetária e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, reafirmaram essa postura em recentes eventos. Eles ressaltaram que, até o momento, não houve nenhuma mudança na institucionalidade da política cambial.Dessa forma, o Banco Central tem optado por evitar entrar no mercado, mesmo diante da escalada do dólar e da piora da percepção de risco fiscal. Para os operadores, socorrer o real agora seria contraproducente, pois enviaria um sinal equivocado sobre a necessidade de ajustes nas contas públicas.