Receita
Inflação Alimentar Supera Expectativas: Preços Sobem Acima da Média em 2025
2024-11-02
Apesar das projeções de uma safra recorde de grãos em 2025, uma combinação de fatores, incluindo um dólar mais alto e limitações na oferta de alguns produtos, deve impulsionar os preços dos alimentos a subirem acima da inflação geral no próximo ano. Especialistas preveem uma inflação alimentar de até 7,4%, superando a média estimada em torno de 4%. Esse cenário se dá em um momento em que o dólar acumula alta significativa, atingindo o maior patamar desde o início do governo Lula.
Proteínas Animais: Impacto Significativo nos Preços
Carne Bovina: Maior Alta em Cinco Anos
A carne bovina deve registrar o maior aumento em cinco anos, com uma alta estimada de até 16,1%, impulsionada pela restrição da oferta de gado e pela crescente demanda interna e externa. Segundo especialistas, a pressão no setor de proteínas deve continuar forte, com os efeitos desse ciclo de alta se estendendo até 2026. O custo da arroba do boi, que vem surpreendendo o mercado com sua rápida escalada, já influencia o consumidor final de forma acelerada.Frango e Carne Suína: Projeções de Aumentos Expressivos
Os preços do frango e da carne suína também devem seguir em alta, com projeções de aumento de 11% e 13%, respectivamente. Além da menor oferta de animais para abate, o clima adverso e as queimadas têm impactado negativamente a disponibilidade de pastagem, contribuindo para a elevação dos preços. A falta de gado pronto para abate afeta diretamente os preços, especialmente da carne e do leite.Fatores Determinantes: Demanda Externa e Efeito Cambial
O aumento das exportações, impulsionado pela demanda crescente da China e de novos mercados, é outro fator determinante na escalada dos preços. A pecuária brasileira deve priorizar a retenção de fêmeas em 2025 para garantir a produção de bezerros, após um período de abate intenso. Esse movimento pode fazer a arroba do boi subir entre 10% e 20%, dependendo do nível de retenção, o que impacta também outras proteínas, como o frango e a carne suína.Além disso, o dólar alto, estimado entre R$ 5,40 e R$ 5,55 para o próximo ano, exerce uma pressão adicional sobre itens importados ou dependentes de insumos externos, como o trigo, refletindo em produtos panificados e outros itens. As empresas já têm repassado esses custos ao consumidor, impulsionadas pela resiliência do mercado de trabalho e pelo aumento da renda.Café e Óleo de Soja: Altas Expressivas
O café é outro item com projeção de alta significativa, com a combinação de seca e altas temperaturas prejudicando a produção, além de uma oferta reduzida internacionalmente. Estima-se que o preço do café ao consumidor suba 22,5% este ano e mais 7% no próximo.Outro item de destaque é o óleo de soja, cujo preço deve aumentar devido à demanda crescente para a produção de biodiesel, após a aprovação do projeto de lei "Combustível do Futuro". Embora a produção recorde de soja possa atenuar a pressão sobre os preços, a valorização cambial compensa parte desse alívio.Possíveis Alívios: Arroz, Feijão e Hortaliças
Alguns itens, como arroz e feijão, podem trazer algum alívio às famílias, com uma leve deflação de até 5,6% devido a uma previsão de safra mais robusta. Produtos como batata e cenoura também podem ter uma redução de preços, enquanto hortaliças e verduras devem permanecer estáveis.Para as famílias de baixa renda, a preservação do poder de compra dependerá do controle da inflação de alimentos, principalmente considerando o peso desses produtos no orçamento doméstico. Caso seja possível obter uma safra favorável e estabilidade no câmbio, a inflação de alimentos pode ficar dentro da meta, o que seria positivo para o poder de compra.