A moeda norte-americana exibiu uma leve desvalorização no mercado à vista, encerrando a sessão desta segunda-feira (13) com uma queda de 0,07%, cotada a R$ 6,0975. O euro também registrou uma queda, fechando em R$ 6,2243. No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas desenvolvidas, recuava 0,23%. Esse movimento global do dólar foi influenciado por expectativas sobre as políticas monetárias do Federal Reserve (Fed), que reduziram as chances de cortes nas taxas de juros nos próximos meses.
Enquanto o dólar ganhava força em outros mercados, o real manteve-se relativamente estável, distanciando-se da tendência observada nas principais divisas internacionais. Operadores atribuem essa resiliência a fatores como o fluxo sazonal de começo de ano e possíveis melhorias decorrentes do diferencial de juros mais favorável. Além disso, as intervenções do Banco Central (BC) realizadas em dezembro podem ter contribuído para reduzir o spread do cupom cambial, tornando o real mais atraente.
O gerente de tesouraria do Banco Daycoval, Otávio Oliveira da Silva, analisa que o mercado de câmbio local está passando por um período de "respiro" após um período de intensa volatilidade em dezembro. "Os investidores parecem estar aproveitando esse momento para avaliar os próximos passos, tanto em relação ao cenário externo quanto às questões locais", explica. Ele destaca que, embora o carry trade possa sugerir uma maior atratividade do real, as incertezas fiscais continuam sendo um obstáculo significativo para uma valorização sustentada da moeda.
A Capital Economics projeta que o dólar pode se manter próximo a R$ 6,00 ao longo dos próximos anos, mas alerta que riscos a curto prazo podem pressionar a moeda para valores mais altos. A economista Giulia Bellicoso ressalta que a situação fiscal do Brasil continua incerta, o que pode limitar a capacidade do real de se beneficiar de diferenciais de juros favoráveis. Ela pondera que, sem um plano convincente para estabilizar as finanças públicas, as preocupações dos investidores só diminuirão quando Lula deixar o cargo, provavelmente em 2027.
Embora o compromisso do Banco Central seja louvável, as intervenções cambiais podem apenas manter a moeda estável, sem promover uma recuperação significativa. As medidas graduais de austeridade podem evitar uma nova depreciação do real, mas não garantem uma melhoria duradoura. A avaliação é que, na falta de reformas estruturais, a moeda seguirá sob pressão, refletindo as incertezas econômicas e políticas do país.