O Banco Central do Brasil informa que mais de 31 bilhões de moedas metálicas, equivalentes a quase 8,4 bilhões de reais, estão em circulação. No entanto, com o surgimento de métodos de pagamento modernos, como Pix e cartões, as moedas praticamente desapareceram dos bolsos das pessoas e gavetas comerciais. Economistas apontam para uma tendência crescente de diminuição no uso dessas peças monetárias, destacando preocupações sobre sua disponibilidade e impacto socioeconômico.
Em análise à situação atual, especialistas financeiros observam que um terço das moedas está inativa, guardadas em cofrinhos ou esquecidas em casa. Este fenômeno é atribuído principalmente aos valores menores, como 5 ou 10 centavos, que são frequentemente negligenciados. A transição para formas digitais de pagamento tem impulsionado essa mudança, afetando especialmente regiões onde o acesso à tecnologia é limitado. Nestas áreas, o dinheiro físico ainda é predominante, e a escassez de moedas pode causar problemas significativos, como falta de troco em pequenos estabelecimentos comerciais.
Comerciantes têm sentido diretamente os efeitos dessa transformação. Em Belém, por exemplo, mercadinhos locais relatam que a maioria das transações agora ocorre via Pix ou cartão, reduzindo drasticamente a circulação de moedas. Dinaldo Miranda, proprietário de um mercadinho na avenida Perimetral, destaca que, embora notas de papel ainda sejam utilizadas, as moedas tornaram-se raras. Similarmente, feirantes como Nildo Moreira, que vende frutas diariamente, notam uma queda significativa no número de moedas disponíveis, mesmo com aceitação de múltiplos meios de pagamento.
A evolução dos métodos de pagamento traz consigo desafios e adaptações para o setor comercial. Enquanto novas tecnologias facilitam as transações, elas também alteram profundamente hábitos tradicionais de compra e venda. Especialistas sugerem que este cenário pode levar a mudanças estruturais no sistema financeiro, influenciando desde práticas cotidianas até políticas monetárias. À medida que a sociedade avança rumo a uma era cada vez mais digital, a presença física das moedas diminui, refletindo uma transformação mais ampla na maneira como as pessoas interagem com o dinheiro.
O Banco Central (BC) brasileiro está prestes a entrar em uma nova fase do projeto-piloto de sua moeda digital, o Drex. Este desenvolvimento segue os passos bem-sucedidos do Pix, que se tornou o meio de pagamento mais utilizado no país. Com o lançamento previsto ainda para este ano, o Drex promete revolucionar a maneira como os brasileiros interagem com serviços financeiros, oferecendo maior facilidade e segurança nas transações.
A implementação do Drex marca um avanço significativo na modernização do sistema financeiro nacional. A moeda digital oficial do BC, conhecida como CBDC (Central Bank Digital Currency), foi batizada de Drex e está em fase de testes desde 2023. Esta nova etapa envolve parcerias com instituições financeiras, aproximando o projeto das condições reais do mercado. O objetivo é facilitar o acesso a serviços financeiros, incluindo investimentos, empréstimos e seguros, além de permitir a troca de ativos por meio de contratos inteligentes.
Desde o lançamento do Pix no final de 2020, a adoção de meios digitais de pagamento no Brasil tem crescido exponencialmente. Em 2024, 46,1% dos entrevistados em uma pesquisa do BC indicaram que utilizam o Pix com maior frequência, superando o uso de dinheiro físico, que caiu de 41,7% para 22% no mesmo período. O volume de transações diárias também alcançou níveis recorde, com 250,5 milhões de movimentações realizadas em um único dia, totalizando R$ 124,3 bilhões.
A tecnologia blockchain desempenha um papel crucial neste processo. Trata-se de uma rede descentralizada de computadores que registra e compartilha dados de forma transparente e inalterável. Essa tecnologia permite que todas as transações sejam verificadas pela rede, garantindo segurança e confiabilidade. Além disso, a tokenização de ativos possibilita a criação de produtos de investimento inovadores, como tokens imobiliários e precatórios, que podem ser negociados em pequenas frações.
Com o Drex, espera-se que a burocracia associada aos intermediários bancários seja reduzida, diminuindo custos e aumentando a eficiência. Além disso, a rastreabilidade das transações pode ajudar a combater práticas ilegais, como lavagem de dinheiro e fraudes. O sucesso do Pix demonstra que a população brasileira está cada vez mais aberta a novas formas de pagamento, e o Drex parece estar bem posicionado para continuar essa tendência.
O lançamento do Drex representa um marco importante na evolução do sistema financeiro brasileiro. À medida que a tecnologia avança, a adoção de moedas digitais oficiais deve proporcionar benefícios significativos tanto para os consumidores quanto para as instituições financeiras. A próxima fase do projeto-piloto promete trazer importantes insights sobre como essas inovações podem ser integradas de forma eficaz à economia real, preparando o caminho para um futuro mais digital e seguro.