A crescente popularidade dos cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, tem gerado preocupações significativas entre os especialistas. Estudos recentes demonstram que esses dispositivos não apenas falham em auxiliar na cessação do tabagismo, mas também aumentam a dependência de nicotina e causam danos à saúde. Um estudo realizado por cientistas brasileiros e espanhóis revelou alterações na saliva dos usuários, elevando o risco de doenças bucais e respiratórias. Além disso, foram identificados biomarcadores que podem indicar problemas de saúde futuros.
O uso de cigarros eletrônicos tem se tornado cada vez mais comum, especialmente entre jovens adultos. No entanto, pesquisas científicas têm mostrado que esses dispositivos não ajudam a parar de fumar e ainda aumentam a dependência de nicotina. A pesquisa conduzida pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (ICT-Unesp) envolveu 50 jovens, sendo 25 usuários regulares de cigarros eletrônicos e 25 não usuários como grupo controle. Os participantes forneceram amostras de saliva para análises detalhadas, incluindo sialiometria, viscosidade, pH e concentrações de cotinina.
Os resultados mostraram uma alta concentração de cotinina entre os usuários de cigarros eletrônicos, além de alterações na composição da saliva. Foram identificados sete biomarcadores promissores que podem servir como indicadores precoces de problemas de saúde. A presença de substâncias como propilenoglicol e glicerina nos aromatizantes pode irritar as vias aéreas superiores e causar ressecamento das mucosas, reduzindo o fluxo salivar e favorecendo a formação de biofilme, que leva ao surgimento de cáries e outras doenças bucais.
Além disso, os usuários de vapes apresentaram maior nível de monóxido de carbono exalado e menor saturação de oxigênio, o que pode ser um indicativo de problemas respiratórios. O estudo também observou que 76% dos participantes relataram consumo concomitante de álcool e cigarros eletrônicos, aumentando o risco de várias doenças, incluindo câncer oral. Apenas 24% dos participantes eram ex-fumantes de cigarros convencionais, tendo adotado os cigarros eletrônicos há cerca de dois anos.
A saliva desempenha um papel crucial na proteção contra patógenos e no início do processo digestivo. Sua análise é uma técnica simples e não invasiva que pode identificar biomarcadores relacionados a várias doenças. Especialistas alertam que o futuro da saúde pública pode ser comprometido pela popularização desses dispositivos, que são frequentemente coloridos e saborosos, atraindo principalmente os jovens. O cenário é preocupante, com aumento de casos de infarto e AVC em pessoas mais jovens.
Este estudo reforça a necessidade de políticas públicas mais rigorosas para controlar o uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. As descobertas destacam que esses dispositivos não são inofensivos e podem trazer consequências sérias à saúde a longo prazo. É fundamental continuar monitorando e pesquisando seus efeitos para garantir uma melhor compreensão e prevenção de possíveis danos.
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